EM NOSSAS OBSESSÕES
nosso carro quebra, tem um cheiro de óleo diesel forte,
queimando, isso nos dá tesão, montamos um acampamento bem a beira da estrada,
rodovia que os carros passam a mais de 110 por hora, a cada roncar, éramos possuídas
pela ardência do ventre que chora, forte, mãos sujas de graxa, toca entranhas adentra
a mata perfurando, acoitando arvores, grandes arvores, deixando nos nervosas, troncos robustos, altos, grossos, voo
livre de gaivotas, fendas abertas, películas querendo se morder. antigas
raízes profundas, saliências, caricias faz-se
abrir cabanas, e mais cabanas, sem feixes, nem teorias arcaicas, libertas,
nuas, diversos fetiches fazendo, feitos, são os acumulados pelos lábios secos, de
uma vida secas, começa chover muito forte, e corremos por toda molhada, caindo,
roupas rasgadas, abaixo riacho, água límpida, igual as quais sai de dentro da
gente, é a vida brotando, mãos se apertam, apruma soprando faíscas, acende
lenha, ao longe cachoeiras descendo, batendo, cheia de tentações, somos a
própria purificação em lambidas “santas”...talvez, mordidas que quebra o gelo, posto,
chupa, abaixa o tronco, lapida o arder que queimamos em nossas obsessões.
POESIA DE BEY CERQUEIRA